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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Lembranças

 A única coisa que conseguiu fazer foi se desculpar, não sabia bem se o caso era esse, mas sentia uma necessidade sufocante de ser perdoada...
      Sabia que estava tão impotente ali quanto ele, mas não conseguia parar de se perguntar nem por um segundo que se talvez ela não fosse tão assim, tão intensa, ou talvez exagerada seja a melhor definição, as coisas não seriam exatamente assim.
      No entanto logo foi assaltada por pensamentos egoístas, não queria ele diferente do que ele era, portanto não agiria diferente do que ela agia, simplesmente porque ela adorava a reação dele frente a cada ação dela, se apavorou pensando que as coisas poderiam ter sido bem diferentes e se agarrou desesperada a idéia momentânea de que se necessário for, enfrentaria outras tantas situações semelhantes, afinal há tempos ela jurou que enfrentaria tudo sem se abalar desde que ele estivesse ao seu lado, e como obra do destino, do acaso, ou de seja lá do que for, não havia muito ela havia relido essas juras secretas que prometeu honrar.
      Mas de repente, a figura dele voltava a sua mente, petrificado, pálido e ela simplesmente por gostar muito, muito mais do que gostaria ou poderia gostar, não podia ignorar a situação em que ele se encontrava em partes por causa dela, e em partes por causa da sua personalidade dócil e amável. Mas ela sempre soube que ele era assim, e tudo o que ela conseguia fazer era se sentir culpada por não poder fazer nada...
Sentiu vergonha dela, ao vê-lo parado ali naquela situação, se odiou e odiou tudo o que fazia aquilo ali acontecer... 
         Lembrou-se então de sua voz única, perdida no tempo, em que a razão falava alto de que aquilo não poderia continuar daquela forma, que as coisas não poderiam ser assim. Hoje ela entende o que significava "assim", sente as conseqüências na pele e estranhamente ainda não se arrepende, hoje mais do que nunca ela entende o que isso pode causar a ele, e hoje ela aceita com renuncia, embora não sem dor, que isso talvez não seja o melhor pra ele...
          Sentiu que é preferível não ver mais aqueles sorrisos que tanto adora, no corpo que tem cor que contrasta com o calor do tempo, do que ter que vê-lo como viu hoje, mas estranhamente sentiu que é tarde demais pra que ele também volte atrás, ele também já havia feito a sua escolha...
         Por isso apenas murmurou implorando por perdão, por sorriso, por aquela presença única que era só dele e de ninguém mais!

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